Na região serrana, caminhos de terra conduzem a tesouros naturais. Árvores formam arcos verdes sobre a estrada e atraem pássaros belíssimos e borboletas multicoloridas, em rápidas aparições. Paisagens comuns em Trajano de Moraes, município com mais de 10 mil habitantes, desbravado por portugueses que subiram a serra em busca de riquezas.
Prestes a completar 131 anos de emancipação político-administrativa, a cidade com grande potencial turístico, rica fauna e flora, vem incrementando o setor e democratizando acessos a verdadeiros paraísos naturais. Na localidade de Leitão da Cunha, uma preciosidade esculpida com pedras nos remete a tempos remotos, da chegada da linha férrea, por volta de 1893. Do túnel, um imenso e alvo véu líquido cai sobre as rochas, formando um cenário exuberante, cercado de vegetação nativa.
O local esconde segredos. Foi "descoberto" há pouco tempo e pesquisadores ainda se debruçam sobre sua origem. Especulações à parte, o fato é que quem entra em contato com aquele lugar leva mais do que muitos registros fotográficos. A trilha pode ser cansativa para quem não está acostumado, mas a recompensa supera o cansaço. O som vibrante das águas e o canto dos pássaros formam a trilha sonora perfeita para o mistério que ainda ronda o pontilhão de pedras de Leitão da Cunha.
No caminho, elementos aguçam ainda mais a imaginação dos apaixonados por história e natureza. A igrejinha simples é um ponto de luz na paisagem predominantemente verde. Embora deteriorada, a velha estação de trem, cenário de encontros e despedidas, também segue a desafiar o tempo. Enquanto o passado passeia sobre trilhos imaginários, o presente revela paisagens exuberantes e ainda selvagens, cheiro de mato, chuva que chega de surpresa, água gelada e cristalina, friozinho na sombra mesmo em dias de sol. Experiências sensoriais que só a mata é capaz de proporcionar a quem se propõe a desvendar seus sagrados territórios.
Fonte: Patrícia Bueno