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Cerca de 60% desconhecem vacinação ampliada para doenças crônicas

Pesquisa foi feita pela farmacêutica Pfizer

Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil em 22/06/2021 às 19:59:51
© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Seis em cada dez brasileiros não sabem que pessoas com doenças crônicas têm calendários de vacinação ampliados e com indicações específicas, e 76% nunca ouviram falar dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), onde esses imunizantes são disponibilizados gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

Os dados fazem parte de um estudo encomendo pela empresa farmacêutica Pfizer divulgado hoje (22) e aponta que nem os profissionais de saúde têm dado atenção ao tema: 68% daqueles que têm alguma doença crônica afirmam nunca ter recebido orientação profissional para procurar a vacinação.

A pesquisa foi feita pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) com 2 mil pessoas na cidade de São Paulo e nas regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba.

Entre os principais dados levantados está o de que apenas 30% dos pacientes em tratamento de doenças crônicas receberam recomendação médica para se vacinar. Para 3%, a recomendação veio de outro profissional de saúde, e 10% obtiveram a informação por meio da imprensa ou das redes sociais. Com isso, a maioria dos entrevistados (58%) nunca obteve a informação de que deveria procurar um CRIE para imunização.

A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Isabela Ballalai, avalia que falta na formação de muitos médicos e profissionais de saúde informações sobre as vacinas e os calendários disponíveis.

Sem estar capacitados, eles não recomendam as doses necessárias a seus pacientes. Ela exemplifica que pessoas com HIV, que são acompanhadas por infectologistas, recebem essa recomendação com mais frequência, já que a especialidade de seus médicos tem mais familiaridade com a imunização. Já entre os cardiopatas, acompanhados por cardiologistas, a recomendação é menos comum.

A SBIm disponibiliza, na internet, calendários com vacinas recomendadas para pacientes com doenças crônicas.

Isabela Ballalai citou uma pesquisa do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) que aponta que o médico é a principal influência positiva para a imunização: quando o paciente não está informado sobre a vacina, mas recebe recomendação médica, a chance de se vacinar chega a 70%. Já quando ele está interessado e não recebe a recomendação, esse percentual cai para 8%. Quando ambos têm postura positiva, as chances sobem para 90%.

Risco aumentado

Viver com doenças crônicas como o diabetes, a hipertensão ou o câncer eleva o risco de o paciente ter um quadro severo de doenças infecciosas e preveníveis por vacinas - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil


Um dos motivos que levam os profissionais de saúde a recomendarem calendários especiais de vacinação para pessoas com doenças crônicas se tornou mais popular com a pandemia de covid-19: a situação de comorbidade. Viver com doenças como diabetes, hipertensão ou câncer eleva o risco de ter um quadro severo de doenças infecciosas e preveníveis por vacinas.

A vice-presidente da SBIm afirma que o risco de desenvolver um caso grave de doença pneumocócica em uma pessoa que tem diabetes chega a ser 5,8 vezes maior do que em uma pessoa sem doenças crônicas.

Infectologista e médica do Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) em Vitória, Ana Paulo Burian explica que, além de alguns quadros de saúde apresentarem risco aumentado, há vacinas que são recomendadas para familiares da pessoa com situações especiais de saúde e casos em que o número de doses muda para obter maior efetividade da vacina. Em alguns casos, como nos pacientes reumatológicos, não são as doenças que levam à necessidade de uma vacinação especial, mas o uso de medicamentos imunossupressores no tratamento.

"O SUS é igualdade. Oferece tudo igual para todo mundo. Mas a gente sabe que tem pessoas que precisam de mais proteção, então, essa é a ideia dos CRIEs", explica Ana Paula Burian, que acrescenta que a vacinação precisa ser uma questão de saúde para toda a família.

Fonte: Agência Brasil

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