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João Poeta

Por Portal Evidência em 31/07/2021 às 11:43:41

Ilustração: Vladimir Levitz

João Antunes de Freitas ou "João Poeta", meu pai, foi barbeiro, servidor público municipal e poeta. Nasceu em Campos dos Goytacazes no dia 16 de janeiro de 1891, filho de João Antunes de Freitas e Carolina Antunes de Freitas.

Formado pela Faculdade da Vida, teve como seu eficiente mestre os trancos e barrancos do dia a dia. Independentemente de ser barbeiro de profissão, no início de carreira, foi inspetor de alunos, no Rio de Janeiro, vendedor e oficial escrevente da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, entre outras atividades.

Não publicou livro, mas deixou uma enorme bagagem de sonetos filosóficos e sentimentais, publicados em coletâneas e em jornais de Campos, Niterói e do Rio de Janeiro. Foi casado, em segundas núpcias, com a senhora Anna Izabel da Rocha Freitas, declamadora, deixando três filhos: César, Gipson e Herbson, estes dois últimos, jornalistas, escritores e poetas, filhos do primeiro matrimônio.

Ilustração: Vladimir Levitz

"João Poeta", como era carinhosamente chamado, morreu no dia 03 de julho de 1955, em Niterói, onde se encontrava em tratamento de saúde. Sonetos de sua autoria foram publicados no "Cyclo Aureo", de Horácio Sousa, e na plaqueta (pequeno livro) de poetas campistas, intitulada "Sonetos", editada pela extinta Gráfica Santa Cecília, de Benjamin Constant, pai do gráfico e jornalista Salvador da Transfiguração Teixeira Pinto, ambos falecidos.

Como cidadão, foi exemplar, cumpridor à altura de suas obrigações e um bom amigo. Como poeta, um intelectual atuante, homenageado com nome de rua e patrono de uma Cadeira na Academia Pedralva Letras e Artes. Escreveu sonetos, poemas e acrósticos. Segue, abaixo, uma amostra de sua verve, exibida em inúmeros saraus da época. Trata-se do soneto "Recordação", que é um preito de coração à terra campista.

RECORDAÇÃO

Nesta cidade, triste, vou lutando / Nesta vida que um dia há de findar, / Assim irei, rindo, por não chorar, / Sobre espinhos que os meus pés vão pisando. /// Quis que a sorte aqui fosse passando / Longe de minha terra, a recordar, / Aquele puro e tão querido olhar / De minha mãe que lá deixei sonhando. /// Lá, naquela casinha, onde nasci, / Onde passei a minha mocidade, / Onde toda ilusão feliz senti. /// Não vejo mais o tempo que passei / Feliz, somente a imagem da saudade / Que, longe recordando, aqui fiquei!

(Do livro "Perfis Campistas", a sair em breve).

Convites estão sendo endereçados ao acadêmico licenciado Aristides Soffiati para que retorne às atividades da Academia Campista de Letras logo que a mesma seja reaberta. De pleno acordo. Excelente acadêmico. Palmas!

Um dos arquivos mais importantes sobre a cultura (livros, etc.) campista – todos sabem – pertence ao dr. Wellington Paes. Cada dia que passa ele acrescenta novas obras. Todas bem organizadas. Seus arquivos ou Biblioteca Particular de Campos, em caso de seu falecimento, mas que seja longa a sua vida, deverá ficar em família, segundo apurei em primeira mão.

Curiosidade campista: Autores teatrais da terra foram muitos e são muitos nos dias atuais. Os autores do passado que mais escreveram para o teatro foram Múcio da Paixão, Gastão Machado e Gipson de Freitas, este, residia em Niterói. Cada um com cerca de 40 peças teatrais escritas e algumas encenadas.

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