OUTROS E ETERNOS CARNAVAIS

Nem me incomodava em dar uma pausa nas brincadeiras para ficar na fila da maquiagem. Toda aquela atmosfera de festa exercia uma espécie de poder sobre mim. Gostava também do desafio de não piscar os olhos enquanto o rímel secava. Depois, era só vestir a fantasia e finalmente me sentir parte de toda aquela agitação.

O carnaval sempre me atraiu. Seus sons, suas cores vivas, seu brilho intenso. Os bailes no clube reinavam em minha preferência. Era mágico estar entre personagens que representavam várias épocas: mascarados, melindrosas, palhaços, odaliscas... Um show de criatividade e irreverência que só a maior festa popular do país pode proporcionar. A fila da cantina nos intervalos da banda, o emaranhado de serpentinas, o chão pontuado de confetes coloridos, o cansaço no dia seguinte que jamais nos impedia de voltar ao salão para mais uma maratona que só parava na quarta de cinzas. Tudo soa como a alegria de uma marchinha em meus espaços de memória e meu pensamento baila com pierrôs e colombinas ao som de um repertório de saudades.

No carnaval um protagonismo é dado a pessoas que, muitas vezes, são invisíveis em nosso hipócrita e excludente quadro social. É a festa da diversidade. E toda vez que um bloquinho quebra a monotonia de uma rua, uma alegria me invade, como a convidar para um baile de máscaras, e abre alas para a foliã que existe desde os tempos de menina. Mais uma vez é carnaval em meu coração!