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POBRE HOTEL FLÁVIO!

Patrícia Bueno

Por Portal Evidência em 26/11/2022 às 00:27:29

Fotos: Patrícia Bueno

O passado é hoje o único hóspede do Hotel Flávio. E nele reside como se os pavimentos estivessem intactos, como se nada tivesse acontecido. A despeito da ação do tempo, do fogo impiedoso, do descaso a que, há anos, é submetido. Nesse recorte da história em meio à paisagem urbana, o fogo perdeu a queda de braço para a fachada imponente. Sim, acho imponente, com suas sacadas artisticamente trabalhadas e portas que hoje nos proporcionam visões do céu, pois já não há mais telhado, nem cômodos, nem nada. Uma sensação de vazio... O Hotel está oco, cheirando à madeira queimada... Cheirando a abandono e resumido a quatro gigantescas paredes de tijolo maciço.

A burocracia pode, muitas vezes, ser a primeira marretada para que todo o prédio histórico venha abaixo. Também há falta de recursos dos proprietários e a ausência de planejamento e apoio por parte do poder público. O que falta para uma parceria, se a causa é tão nobre e urgente?

Pobre Hotel Flávio... Não tem à frente um maestro Ricardo Azevedo, um gigante ao defender os interesses da nossa centenária Lira de Apolo, cuja estrutura também foi tomada pelas chamas e que, a duras penas, aos poucos ressurge das cinzas.

Até quando trataremos nosso patrimônio como "coisa velha" que precisa ser demolida para dar lugar ao "progresso" em forma de prédios e lucrativos estacionamentos?

Pobre Hotel Flávio... Que viu dois de seus contemporâneos virarem pó. Que parece ter sucumbido à maldição daquele trecho da Carlos de Lacerda. Depois do incêndio, vem a temporada de vistorias, cobertura da imprensa, reuniões, indignação nas redes sociais. Logo, logo aquela fachada que, como uma grande caixa, guarda apenas um amontoado de madeira velha e queimada, deixará de ser o centro das atenções. Nela, um letreiro teimoso insiste em dizer que ainda se trata de um hotel, como no passado. Mas, aos poucos, o passado se prepara para fazer um checkout e assim dar lugar a um hóspede indesejado: a desesperança. Pobre Hotel Flávio? Não. Pobre Campos!



Fonte: Patrícia Bueno

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